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Sobretaxa dos EUA afeta exportação

Fonte: Valor Econômico (23 de outubro de 2020)

No momento em que o setor de alumínio já vivia uma retomada dos negócios, as produtoras brasileiras foram surpreendidas pela decisão dos Estados Unidos de sobretaxar as chapas produzidas no Brasil. Para o presidente da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), Milton Rego, as exportações desse produto irão sofrer uma forte queda com as restrições.
 
Em 2019, segundo dados da Abal, os embarques de chapas de alumínio aos EUA somaram 31,57 mil toneladas – de um total de 90 mil para o mercado externo. O país é o maior destino das exportações brasileiras, respondendo por 35% do volume exportado. “Pelo menos até abril vamos ter essa sobretaxa ao produto brasileiro. Até lá, nenhuma empresa vai exportar”, diz Rego.
 
No dia 9 deste mês, o governo americano, atendendo a um pedido da indústria do alumínio dos EUA, impôs uma taxa a 18 países, incluindo o Brasil, com a alegação de dumping. No caso do produto brasileiro, além da alíquota de 18%, há uma sobretaxa que varia de 49,48% a 136,78%, dependendo da empresa exportadora.
 
“Do ponto de vista de decisão de governo, a única coisa que poderia fazer era uma retaliação aos EUA, mas o governo brasileiro não vai fazer isso. O que estamos fazendo é apresentar os dados para a investigação americana. Esse resultado saíra em abril de 2021”, disse Rego.
 
Com a medida, o dirigente explica que as exportações de todos os produtos em alumínio, que vinham em ritmo de crescimento neste ano, devem recuar frente a 2019. Até setembro, foram exportadas 254 mil toneladas, bem acima das 182 mil toneladas em igual período no ano passado.
 
“Em 2019, o Brasil exportou, no total, 287 mil toneladas de produtos em alumínio, sendo 62 mil para os EUA. Isso não vai acontecer mais”, disse Rego.
 
Quanto ao mercado interno, o dirigente, ressaltou que o consumo aparente de alumínio deve recuar 7%. No início da pandemia, entretanto, a expectativa era de um recuo de 20% no comparativo com 2019, quando o mercado consumiu 1,42 milhão de toneladas.
 
Segundo o dirigente, três setores são responsável por 75% do consumo no país: embalagem, construção civil e transporte. “Transporte terá um recuo grande, embalagens um pequeno aumento e construção civil, que ficou os últimos 10 meses em queda, começou a melhorar em setembro.”
 
Rego explicou que uma obra demora mais ou menos um ano e meio para ser concluída e o alumínio é usado nos últimos três meses. “Esse estímulo da construção civil, que em outros setores foi sentido há mais tempo, será observado para o alumínio no final deste ano e em 2021”, disse.
 
Já a produção deverá apresentar estabilidade “ou uma leve evolução”. Segundo ele, algumas unidades voltaram a operar após paradas para manutenções. “Como foi considerado atividade essencial no início da pandemia, a produção não parou. Em 2019, as empresas produziram 650 mil toneladas.”