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Porto de Imbituba guarda Marco Zero de altitude do Brasil

Fonte: Porto de Imbituba (04 de junho de 2020)

Quem vê os navios atracados e operando cargas no Porto de Imbituba (SC) não imagina que, debaixo daquela estrutura de cais, essencial para a logística, o Porto guarda uma estação de monitoramento maregráfico (de marés) que é referência para todo o Brasil na medição da altitude do território nacional. Assim, em regra geral, as obras e locais no país têm como base de altura a relação ao nível médio do mar em Imbituba. Este ponto de referência no território catarinense é chamado de Marco Zero, por abrigar a origem do sistema altimétrico oficial do país.
 
A estação maregráfica instalada na parte inferior do Cais 1 do Porto de Imbituba integra o Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) e é operada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com a SCPAR Porto de Imbituba. São 2 marégrafos, um analógico e um digital. O marégrafo analógico é operado pela administração do porto desde 1998. O equipamento tem valor histórico, pois funciona no mesmo ponto da série Datum (1948-1968), somando mais de 40 anos de registros de marés. Sua mecânica é simples, contém um sistema de contrapeso e boia passante por uma polia que controla a pena que registra as variações da maré em um maregrama. Semanalmente ocorre a troca do maregrama e o ajuste da corda do relógio do marégrafo. Já o marégrafo digital opera desde 2001 sob cuidado do IBGE. O equipamento registra automaticamente o fluxo das marés, contando atualmente com dois sensores digitais (radar, contrapeso e boia eletrônica).
 

Estrutura do marégrafo analógico. Fonte: IBGE


 
Os dados coletados pela estação digital são enviados automaticamente, a cada 5 minutos, para o IBGE e para o Sistema de Alerta Contra Tsunamis e outras ameaças costeiras no Caribe e nas regiões adjacentes (ICG/CARIBE-EWS) da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO (COI). Seus dados podem ser acompanhados em tempo quase real no painel internacional de monitoramento do nível do mar, disponível clicando aqui.
 
Conforme explica Salomão Soares, gerente de Redes Verticais da Diretoria de Geociências do IBGE, os dados coletados nesses marégrafos servem para acompanhar a evolução temporal e espacial dos referenciais altimétricos do SGB e sua relação com os demais níveis utilizados na cartografia náutica e na engenharia costeira. Esses referenciais altimétricos são materializados no terreno através de pequenos monumentos piramidais e chapas denominados marcos geodésicos. O marco em Imbituba, chamado de 4X, foi estabelecido em 1946 e existe até hoje, dentro do Porto de Imbituba, ao lado do prédio central da administração portuária. Soares conta que o ponto de referência foi instalado à época como um marco geodésico comum, já que não se antecipava que o marégrafo posteriormente instalado definiria o futuro datum vertical da Rede Altimétrica de Alta Precisão (RAAP) do Brasil.
 
O Datum de Imbituba como referência para o Brasil
“Em 1948, o serviço geodésico internacional (Inter American Geodetic Survey – IAGS), da então agência militar de mapeamento dos Estados Unidos, implantou o marégrafo no Porto de Imbituba e estabeleceu uma rede local de nivelamento para controle e referência das observações de nível do mar. Em 1959, o IBGE estabeleceu e adotou o Datum de Imbituba, por meio da média dos Níveis Médios do Mar anuais de 1949 a 1957, referida ao marco geodésico 4X. Tratava-se de uma das melhores séries históricas de medição do nível do mar disponível na época”, relata Soares. No Brasil, há um conjunto homogêneo de marcos geodésicos em todo o território que formam a RAAP do Sistema Geodésico Brasileiro. Atualmente, grande parte das altitudes da Rede refere-se ao Datum de Imbituba.
 

 
Além de Imbituba, o Datum Vertical Oficial do Brasil é definido também na cidade de Santana, no Amapá. No entanto, há uma diferença significativa de abrangência entre os dois. O Datum de Imbituba serve como referência para todo o território brasileiro, exceto o Amapá, que tem suas altitudes referidas ao Datum de Santana. Soares explica que essa pequena porção da RAAP não pôde ser conectada ao Datum de Imbituba devido à impossibilidade de cruzamento do estuário do Rio Amazonas e da Ilha de Marajó com a técnica de nivelamento geométrico de alta precisão. Sendo assim, quando se iniciou a implantação da Rede no estado do Amapá, em 1980, o IBGE adotou o Nível Médio do Mar no Porto de Santana, registrado entre 1957 e 1958, para estabelecer o Datum de Santana.
 
Estação Maregráfica atrai estudantes e pesquisadores
A Estação Maregráfica de Imbituba recebe, ao longo do ano, visitas de estudantes de cursos técnicos e superior, como Geografia e Gestão Ambiental. Acompanhados pelos professores, os alunos buscam conhecer sistemas geodésicos de referência, em especial o funcionamento do marégrafo. Guilherme Linheira, geógrafo do Departamento de Geografia da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), já levou algumas turmas da disciplina de Cartografia para conhecer a Estação e destaca a visita técnica como uma importante ferramenta para complementar a teoria aprendida em sala de aula. “A atividade proporciona o contato direto com as técnicas e tecnologias empregadas nas estações maregráficas que coletam dados utilizados para referenciar o nível de base das altitudes no Brasil. Como resultado, verifica-se uma ampliação na compreensão do funcionamento do Sistema Geodésico Brasileiro por parte dos acadêmicos”, destaca o professor.
 

 
Ampla rede de monitoramento

Além dos marégrafos do IBGE, o Porto de Imbituba conta com mais dois marégrafos e uma estação meteorológica da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). Seus dados, atualizados 24h por dia, podem ser acessados no site, através do Litoral Online.