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Supergasbras terá terminal de GLP no porto Pecém

Fonte: Valor Econômico (25 de março de 2022)

Julio Cardoso, presidente da Supergasbras, diz que grupo holandês vai importar gás de cozinha dos Estados Unidos para terminal no Ceará e distribuição no NE — Foto: Divulgação

 

A Supergasbras vai investir quase R$ 1 bilhão no que pode ser o primeiro terminal portuário no Nordeste para estocagem refrigerada de GLP importado. O acordo foi fechado com o Complexo do Pecém, no Ceará. Há um projeto em andamento da Nacional Gás e Copagaz para construção de um terminal em moldes semelhantes ao do porto de Suape, em Pernambuco.

 

Os investimentos da Supergasbras são estimados em R$ 920 milhões e o terminal terá capacidade para 43 mil toneladas de GLP, o gás de cozinha – a estimativa é de movimentação anual de 480 mil toneladas.

 

O gás é comprado nos Estados Unidos para distribuição na região Nordeste, altamente dependente de importação. Já é do mercado americano que vem o gás vendido pela Petrobras por ali e que utiliza um navio cisterna no Porto de Suape.

 

Apesar do momento ser oportuno, com a alta no preço do botijão e alguns estados da região tendo passado riscos de desabastecimento (caso da Paraíba), a decisão de Supergasbras data de uma estratégia iniciada quase três anos atrás. “Com o início do processo de venda de refinarias pela Petrobras, o mercado começaria a ficar mais pulverizado, com vários players substituindo o que era um fornecedor exclusivo responsável por todo supply”, afirma Julio Cardoso, presidente da Supergasbras.

 

“A gente tem uma operação grande e achamos um bom momento para investir em infraestrutura e garantir nossas 1,5 milhão de toneladas de GLP no país”, complementa.

 

A companhia é controlada pela holandesa SHV, que é a maior distribuidora mundial de GLP e já tem terminais em outros países, como Inglaterra, França e China. “O grupo também tem a SRM Trading, que comercializa de 7 a 8 milhões de toneladas ao ano e vamos ter a oportunidade de aproveitar essa expertise para importar o produto para o Brasil”, acrescenta o executivo.

 

Só entre o despacho de outro navio da Petrobras para o Ceará a partir do atracado em Suape, a empresa estima uma redução de cinco a 10 dias de prazo para disponibilização do gás. Outros distribuidores também poderão utilizar o terminal para suas importações.

 

“Estamos na esquina do Atlântico, num posição estratégica para importação e exportação, com um porto jovem, moderno, com calado natural e sem canal de aproximação, o que dispensa grandes manobras dos navios para atracar”, diz Danilo Serpa, presidente do Complexo do Pecém. “Queremos transformar o Pecém nesse portão de entrada e saída para o Nordeste e Norte do país”, emenda.

 

O complexo é controlado pelo governo do Ceará, com 70%, e tem o Porto de Roterdã como sócio desde 2018, com 30%.

 

Não necessariamente, ou imediatamente, o terminal da Supergasbras ou das concorrentes em Pernambuco vão ajudar no preço do botijão, já que o custo é pareado com o mercado internacional – mas ajuda a aumentar a competição com os novos donos de refinarias no Brasil e afasta o risco de desabastecimento.

 

“É uma estocagem adicional enorme, que dá garantia de suprimento, e mais perene do que a solução temporário de um navio cisterna. Até agora, o preço era exclusivamente um decisão da Petrobras, que vendia mais caro ou mais barato conforme o interesse dele e conforme os preços internacionais”, diz o presidente da Supergasbras. “Não existe nenhum terminal de GLP no Brasil com essa tancagem hoje, é o primeiro terminal em terra.” A companhia ainda está definindo como será a estrutura de financiamento para essa operação, segundo o presidente.

 

O projeto das controladoras da Copagaz e da Nacional Gás em Suape tem investimento estimado em R$ 1,2 bilhão – a corrida agora é qual terminal ficará pronto primeiro, marcando a primeira operação terrestre de estocagem refrigerada de gás de cozinha importado no país. Como os terminais poderão ser usados por outras distribuidoras para acessar o gás de cozinha importado, quem colocar o negócio de pé primeiro pode ter vantagem para fechar contratos.