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Projeto de expansão da BTP prevê acesso ferroviário para aumentar eficiência

Fonte: SINDOP (24 de março de 2022)

Empresa espera que, após a desestatização, dragagem tenha processo menos burocrático e menos vulnerável à judicialização, permitindo o acesso de navios 366m carregados com capacidade plena.

 

O CEO da BTP, Ricardo Arten, destacou que o projeto de expansão do terminal de contêineres prevê o acesso direto a ferrovias a suas instalações. O executivo disse, na última terça-feira (22), que o objetivo é melhorar a logística dos parceiros da BTP, que hoje é o único terminal sem acesso a ferrovias no Porto de Santos. A empresa espera aumentar a eficiência das operações já que hoje é necessário utilizar caminhões para transportar a carga até a malha. A avaliação é que o desenvolvimento de projetos ferroviários para conexão com o complexo santista tem um grande potencial de crescimento, mas ainda tem um longo caminho a ser percorrido, pois a participação do transporte de contêineres no porto ainda é inexpressiva.

 

Arten citou outros projetos de expansão da malha ferroviária em discussão, como a ferrovia interna do Porto de Santos (FIPS) e a renovação de concessionárias. “É preciso realizar investimentos para o modal ferroviário ganhar expressão maior na logística brasileira. É um modal importante para promover a intermodalidade e redução do custo de transporte de cargas”, disse Arten, durante o evento ‘Visão da BTP Sobre o Porto de Santos Concentrador de Contêineres’, promovido pelo Comitê de Usuários dos Portos e Aeroportos do Estado de São Paulo (Comus) da Associação Comercial de São Paulo.

 

No ano passado, a BTP protocolou pedido de prorrogação antecipada do contrato até 2047, que virá acompanhado de um plano de investimentos da ordem de R$ 1,4 bilhão para expansão do terminal. A empresa celebrou a decisão do Congresso na semana passada que permite a renovação do Reporto até o final de 2023. Arten contou que o setor agora trabalha para estender o prazo do benefício por tempo indeterminado. O regime especial para compra de equipamentos portuários e ferroviários suspende a cobrança de IPI, PIS, Cofins e imposto de importação.

 

Um dos argumentos para esse pleito é que o Reporto será importante para que os terminais acompanhem o aumento do transporte marítimo previsto para os próximos anos. “Se o veto não fosse derrubado, a ausência do regime a partir desse ano representaria uma tributação que, em alguns casos, poderia chegar a 42% na compra de equipamentos portuários. Agora vamos trabalhar por um prazo indeterminado de renovação porque ele é válido até 2023”, contou Arten.

 

A empresa também apoia o movimento ‘Vou de Túnel’, que prevê uma ligação seca Santos-Guarujá, com finalidade de melhorar a mobilidade urbana no entorno do complexo portuário. O entendimento é que o túnel submerso não representa obstáculo à navegação, pois é um projeto para -18 metros, considerado suficiente para o calado operacional que o porto precisa (-17m). Arten acrescentou que o governo federal pretende colocar o projeto dessa ligação na desestatização do porto. “O porto concentrador de carga precisa ter áreas de desenvolvimento. O Porto de Santos só vai ter crescimento numa potencial área que fica acima de sua entrada. Ali não pode haver nenhum obstáculo para que esse ordenamento na área portuária aconteça. Os investimentos de agora precisam ser vistos no longo prazo e temos que ver impacto, no mínimo, daqui a 50 anos”, comentou.

 

Arten chamou a atenção que o aumento de calado é fundamental para transformar o porto em hub port. Ele contou que a BTP participou de um debate esta semana com representantes da praticagem em que foi dito que um calado de -16m a -17m seria suficiente para operar navios com 366m de comprimento, dando capacidade para armadores poderem vender espaço para importadores e exportadores poderem aumentar a capacidade dos navios e baixar o preço do frete. Ele acredita que o 366m deve ser o maior navio a trafegar pelo canal santista pelos próximos 50 anos.

 

A BTP espera que a dragagem de manutenção após a desestatização tenha processo menos burocrático e menos vulnerável à judicialização que trava a gestão do canal de navegação no maior porto do América Latina. “Não podemos criar obstáculos à navegabilidade desses grandes navios. Não é incomum navios deixarem carga para trás por conta de restrição de calado. Isso gera perda financeira para armadores. Morosidade de tempo torna a logística menos eficiente”, alertou.

 

Site: Portos e Navios – 24/03/2022