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Variante delta afeta produção na Ásia, congestiona portos e eleva os custos

Fonte: Valor Econômico (27 de agosto de 2021)

O estrangulamento nas cadeias de suprimentos que deveria ser temporário agora parece fadado a durar até o ano que vem, com o avanço da variante delta da covid-19 atrapalhando a produção nas fábricas na Ásia, interrompendo o transporte marítimo e causando mais choques na economia global.
 
Fábricas que já enfrentavam escassez de insumos e energia e matérias-primas mais caras agora são obrigadas a pagar mais para conseguir espaço nos navios. Os fretes estão batendo recordes e alguns exportadores estão elevando preços ou simplesmente cancelando embarques de mercadorias.
 
“Não conseguimos componentes suficientes, não conseguimos contêineres e os custos subiram tremendamente”, lamentou Christopher Tse, CEO da Musical Electronics, empresa de Hong Kong que faz uma variedade de produtos de consumo, como alto-falantes Bluetooth e o Cubo Mágico.
 
Tse disse que os ímãs usados no Cubo Mágico ficaram 50% mais caros desde março, elevando o custo de produção do brinquedo em 7%.
 
O empenho da China para eliminar a covid-19 significa que um pequeno número de casos pode causar grandes interrupções no comércio internacional. Neste mês, o governo paralisou por duas semanas o porto de Ningbo – o terceiro mais movimentado do mundo – após constatar que um único trabalhador do local foi infectado com a variante delta. Neste ano, portos de Shenzhen foram fechados após a descoberta de alguns casos de covid-19.
 
“O congestionamento dos portos e a falta de capacidade para transporte de contêineres podem perdurar até o quarto trimestre ou meados de 2022”, afirmou recentemente Hsieh Huey-chuan, presidente da Evergreen Marine de Taiwan. “Se não for possível efetivamente conter a pandemia, o congestionamento portuário pode se tornar o novo normal.”
 
O custo para enviar um contêiner da Ásia para a Europa está cerca de 10 vezes maior do que em maio de 2020, enquanto o custo de Xangai para Los Angeles subiu mais de seis vezes, segundo o Drewry World Container Index. A cadeia global de suprimentos ficou tão frágil que um único acidente de pequenas proporções “poderia facilmente ter seus efeitos agravados”, observa o HSBC.
 
Fretes e semicondutores mais caros podem alimentar a inflação, alertou Chua Hak Bin, economista da firma de pesquisas Maybank Kim Eng Research em Cingapura. A Giant Manufacturing de Taiwan, a maior fabricante mundial de bicicletas, por exemplo, já avisou que pretende subir os preços para refletir a alta dos custos.
 
A disseminação da variante delta, principalmente no Sudeste Asiático, chega a impedir o funcionamento de fábricas, como no Vietnã – o segundo maior produtor mundial de roupas e calçados.