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Agenda ambiental deve envolver todas as áreas da empresa

Fonte: Estadão (26 de agosto de 2021)

Painel. Executivos do Bradesco, da Minerva Foods, da Grape ESG e da Youth Climate Leaders – Foto: Estadão


 
Empresas de todos os ramos e portes precisam cada vez mais internalizar como cultura organizacional as questões socioambientais, pois é isso que vai garantir a sobrevivência de seus negócios. Essa foi uma das conclusões do painel que discutiu o desafio da governança socioambiental e as soluções sustentáveis no mundo corporativo como parte da Conferência Brasil Verde 2021, realizada pelo ‘Estadão’.
 
Executivos do Bradesco, da Minerva Foods, da Grape ESG e do Youth Climate Leaders (Lideranças Jovens para o Clima) concordaram que o primeiro passo para o desafio da agenda sustentável é envolver todo o corpo da empresa, desde o nível mais alto até o “chão de fábrica”, com a criação de conselhos, diretorias executivas, comitês e grupos de atuação para desenvolver estratégias transversais.
 
Sobre sua experiência, Taciano Custódio, diretor de sustentabilidade da Minerva Foods, comentou a estratégia da empresa de monitoramento de toda sua cadeia de fornecedores diretos para coibir o desmatamento ilegal e proteger terras indígenas. A empresa adotou tecnologia de sensoriamento remoto.
 
“Hoje, temos mais de 14 milhões de hectares monitorados em todo o Brasil”, informa Custódio. “Até 2030 teremos todos os países da América do Sul também monitorados 100%”, afirma o executivo. Os elos indiretos, que são os criadores de gado, recebem consultoria da empresa sobre manejo de pasto e cuidado com o solo, que se traduzem em sustentabilidade da ocupação territorial.
 
A gerente de sustentabilidade do Bradesco, Fabiana Costa, explicou como o banco age para priorizar empréstimos e investimentos a empresas que seguem os critérios de ESG. “Temos um departamento focado em risco ambiental e governança, e toda identificação de algum potencial assunto controverso de um cliente que possa trazer risco para a imagem do banco, e principalmente para a sociedade, é avaliada e, se for o caso, vetada”, diz ela.
 
“Coletar resultados dessas práticas é algo de médio prazo e, se a empresa não estiver comprometida, vai abandonar o processo no meio do caminho”, avalia Ricardo Assumpção, da Grape ESG. O papel da Grape, explica o executivo, é mostrar como a empresa consegue, com a transição para a economia de baixo carbono, resolver problemas estruturais e ter benefícios. “É ensinar a empresa a integrar o sistema na sua cadeia de valor, um trabalho que envolve consultoria e estratégias que não sejam só de gaveta, para cumprir por tabela.”
 
Pressa. Com o público jovem cada vez mais antenado e interessado no tema ESG, o Youth Climate Leaders treina e conecta jovens para trabalharem em áreas de sustentabilidade. “Os jovens estão sendo conscientizados dessa problemática, mas não sabiam o que fazer”, justifica Cassia Moraes, CEO da entidade, que conecta redes similares de mais de 20 países.
 
No Brasil, a rede já reúne mais de 500 jovens que participam de cursos e ações sobre estratégias e oportunidades, sejam para voluntariado ou para seguir carreira na área. Cassia afirma que a meta é chegar a 1 milhão de jovens envolvidos até 2030.
 
“Os jovens demandam mudanças mais rápidas”, diz ela, acrescentando que as empresas que quiserem ter em seus quadros os melhores profissionais terão de se comprometer com projetos de carbono neutro.
 
“Usamos hoje 70% a mais de recursos naturais do que a terra consegue repor; se tivéssemos uma cota anual do que a gente pode retirar do planeta e do que ele consegue repor, essa cota anual teria acabado em agosto e, daí para frente, seria cheque especial, pois já estamos no vermelho”, diz Assumpção, da Grape, para quem a tendência é conseguir cada vez mais usar menos energia e menos recursos naturais.