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CDR: debatedores defendem mais investimentos nas hidrovias

Fonte: Agência Senado (25 de agosto de 2021)

Em audiência pública promovida nesta segunda-feira (23), senadores e especialistas destacaram que sistema hidroviário tem baixo custo operacional e impacto ambiental reduzido – Foto: Agência Senado


 
A Comissão de Desenvolvimento Regional (CDR) promoveu, nesta segunda-feira (23), audiência pública com o tema “Hidrovias e desenvolvimento regional: o desafio da integração multimodal de transportes no Brasil”. Os debatedores apontaram que é urgente e necessário que o país destine mais investimentos para as hidrovias e para os programas de integração entre os variados modais de transporte.
 
O presidente da CDR, senador Fernando Collor (Pros-AL), lembrou que os investimentos em infraestrutura costumam ser prioridade na agenda das grandes potências mundiais. Para o senador, o Brasil precisa, de forma urgente, aumentar o investimento na diversificação dos modais de transporte. Ele ainda cobrou mais participação legislativa no assunto, propondo um marco regulatório moderno para o setor, com modernização das leis ambiental e portuária.
 
O senador lembrou que o modal rodoviário, mais caro e menos eficiente, é o mais usado no país. As hidrovias, por outro lado, são pouco usadas, mas têm várias vantagens, como o baixo custo operacional, o impacto ambiental reduzido e a capacidade de transporte de grandes volumes. Collor destacou a importância de as hidrovias estarem integradas a outros modais de transporte e cobrou mais investimentos no setor.
 
— Trata-se de um desafio para a sociedade e para o governo. O aumento do investimento é urgente. Estamos ainda muito aquém da nossa capacidade — registrou.
 
O senador Izalci Lucas (PSDB-DF), que sugeriu a audiência, destacou que as hidrovias brasileiras têm grande potencial e um custo baixo. Ele lamentou, no entanto, que esse modal não tenha sido a prioridade dos governos ao longo dos anos. Izalci também apontou os poucos recursos destinados ao setor e cobrou mais investimentos nas hidrovias. Segundo o senador, o Brasil precisa de políticas permanentes voltadas para a infraestrutura e mais atenção com o transporte aquaviário.
 
Custos
A diretora de Infraestrutura Aquaviária do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Karoline Brasileiro Quirino Lemos, informou que em 2020 foram transportadas cerca de 110 milhões de toneladas de carga pelas hidrovias do país. Esse número representa cerca de 46% de crescimento em relação ao ano de 2010. Segundo Karoline Lemos, hoje são usados 18 mil quilômetro de hidrovias, embora o potencial do país seja de 64 mil quilômetros.
 
A diretora também destacou que os custos das hidrovias são muito menores que os registrados no transporte rodoviário. Como exemplo, ela citou que um único comboio no Rio Tapajós, entre Mato Grosso e Pará, pode representar o volume transportado por 1.400 carretas.
 
— O transporte hidroviário representa apenas 5% entre os modais de transporte. Precisamos de mais investimentos — registrou Karoline Lemos.
 
O diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Adalberto Tokarski, lembrou que o transporte hidroviário é importante também para o passageiro. Ele pediu um olhar mais cuidadoso com o transporte na região amazônica, ao apontar que apenas um barco no Rio Amazonas pode transportar até 800 passageiros por viagem.
 
Segundo o Tokarski, o setor de carga por hidrovias tem registrado um crescimento sustentado nos últimos anos. Como exemplo, ele informou que o Rio Madeira, que passa pelos estados de Rondônia e Amazonas, registrou um crescimento de 237% no transporte de carga entre 2010 e 2020, com destaque para o milho e a soja.
 
— As hidrovias têm muitas vantagens: o custo é mais baixo e é ambientalmente sustentável. Precisamos de uma política de Estado para o setor — cobrou Tokarski.
 
Sociedade
O diretor de Navegação e Hidrovias da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários do Ministério da Infraestrutura, Dino Antunes Batista, afirmou que a sociedade tem consciência da importância do transporte hidroviário e da sua expansão no interior do país. Ele disse, porém, que os incentivos para a diversificação não se mostram no Orçamento público de forma prática. Segundo Batista, os recursos para o setor hidroviário são muito menores do que aqueles para o setor rodoviário.
 
— A pressão que o setor público recebe é pelo asfaltamento, por mais rodovias e viadutos. A sociedade precisa cobrar seus representantes para dar prioridade ao transporte aquaviário — pediu o diretor.
 
O secretário nacional de Mobilidade e Desenvolvimento Regional e Urbano do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), Tiago Pontes, também participou da audiência. Ele disse que o ministério tem procurado trabalhar na integração dos modais, em conjunto com os outros órgãos do governo que lidam com o transporte hidroviário.
 
Interativa
A audiência foi promovida de forma interativa, com participação popular por meio do Portal e-Cidadania. O internauta Rafael Bomtempo, de Goiás, disse que a melhoria da matriz de transportes reduz custos para toda a sociedade. Já Bruno Pires, de São Paulo, destacou o tamanho continental do país, ao apontar que é imensurável considerar e investir em variados meios de transporte e na integração dos vários modais.