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Carta do Norte Export 2021

Fonte: Fórum Brasil Export (23 de julho de 2021)

Foto: Brasil Export


 
Leitura pelo presidente do Conselho do Norte Export, Sergio Aquino
 
As atividades realizadas no Norte Export 2021 deixam claro que a região tem todas as condições de ser a protagonista nacional no desenvolvimento de novos negócios. A incrível biodiversidade dos estados que compõem a região e a capacidade de inovação do povo brasileiro são ativos de fundamental importância para esse passo adiante. Temos compreensão, entretanto, que há muito o que fazer para melhorar a infraestrutura de transportes e possibilitar que o escoamento dessas riquezas seja feito com eficiência e permita que nossas mercadorias sejam competitivas no mercado internacional.
 
Além da necessidade de investimentos, a região Norte depende de melhor promoção, mesmo dentro de nosso Brasil. O ecossistema de Conselhos Regionais do Brasil Export têm a capacidade, e a responsabilidade, de levar a todas as regiões nesta Nação as potencialidades e riquezas do bioma Amazônia. Juntas, a aptidão natural do Norte e a sua localização privilegiada em relação a grandes mercados consumidores internacionais, como a Europa e a costa Leste dos Estados Unidos, pode viabilizar maior participação brasileira em setores como cosméticos, fármacos, psicultura e biomassa, entre outros.
 
Um fato de relevância ímpar para o agronegócio nacional, e com reflexo direto para a região Norte, aconteceu dias antes deste nosso fórum regional: o Ministério da Infraestrutura concedeu com sucesso o direito à exploração da infraestrutura do sistema rodoviário da BR-163 Mato Grosso Pará. Esse trecho ficou famoso no noticiário nacional pelas imagens de caminhões atolados na lama, em trechos sem asfalto, durante o transporte de nossa valiosa safra de grãos. Antes de conceder o ativo à iniciativa privada, o Governo Federal asfaltou os trechos problemáticos, reduzindo em até 30% o valor do frete.
 
A primeira atividade do Norte Export 2021 já pode ser considerada um fato histórico. Partindo de Belém, nossa sede do fórum regional neste ano, a comitiva de conselheiros, patrocinadores e autoridades realizou uma visita técnica monitorada sob navegação ao Porto de Vila do Conde e terminais privados instalados na região de Barcarena. No trajeto, foi possível ver como acontece de fato a logística das operações. Vimos embarcações de todos os tipos, de grandes navios de longo curso a pequenas barcaças. Elas transportavam diferentes tipos de cargas, em granel ou dentro de contêineres.
 
Como uma República Federativa, de fato, o País precisa avançar em conjunto e dispor de leis uniformes que não penalizem quem deseja produzir, movimentar e abastecer nosso território nacional e Nações Amigas. Ainda sob essa ótica, a regularização fundiária no estados da região é imprescindível para essa segurança jurídica e, por consequência, do desenvolvimento regional.
 
Outro ponto nevrálgico de atenção é a necessidade de planejarmos uma estrutura multimodal adequada ao território dos estados da região Norte, utilizando as vias navegáveis com conexões inteligentes para o transbordo de cargas. Sem isso, não há como alcançar uma logística eficiente diante de áreas territoriais tão extensas. O Pará, por exemplo, é o segundo maior estado do Brasil.
 
Em relação ao transporte terrestre, portanto, temos que trabalhar no sentido de ampliar a malha ferroviária e tornar a Ferrogrão realidade. Um termo aqui citado, e muito adequado, é a criação de um arranjo de acessos terrestres elaborado a partir da intenção de atender ao transporte das cargas. É assim que deve ser construído um sistema eficiente de transportes, eliminando práticas como a construção de vias que só privilegiam determinado grupo ou região. A mesma linha de pensamento, deixamos aqui registrado, vale para a criação de impostos municipais com intuito arrecadatório, onerando as operações logísticas e toda a cadeia de valor nacional.
 
Somos conhecedores das dificuldades de buscar esse modelo ideal de desenvolvimento. Isso foi notório no painel que discutiu os desafios para a navegação e para o aumento do calado na Barra Norte. Os participantes de nosso fórum regional explicaram as características do arco lamoso e todos os procedimentos de segurança para o aumento do calado.
 
Não é aceitável ver embarcações partindo dos portos do Arco Amazônico com capacidade ociosa, devido à falta de profundidade dos canais de acesso, e nada fazer. Isso prejudica a competitividade de nosso produtos no comércio internacional. Além do aumento do calado, frisamos ser importante manter sinalização adequada e batimetrias atualizadas, que são grandes desafios em uma bacia hidrográfica tão extensa.
 
Mas com o conhecimento de nosso quadro da Marinha, da Praticagem e com o interesse da iniciativa privada estamos certos que poderemos equalizar esses gargalos da Barra Norte.
 
Por fim, os representantes do setor agropecuário detalharam a variedade da produção da região, em especial do Pará, e dos empecilhos que há décadas impedem que as riquezas locais ganhem o Brasil e o mundo. De modo geral, são entraves de infraestrutura e legislativas que atrapalham o crescimento nacional.
 
Meu muito obrigado a todos.