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Europa prepara logística para vacinação histórica 

Fonte: Valor Econômico (04 de dezembro de 2020)

A Alemanha mobilizará os militares. A França quer o engajamento das comunidades locais. A Suíça diz ter seu plano há meses. A Europa se agita em torno da logística para a maior campanha de vacinação na história, contra a covid-19.
 
As atenções estarão concentradas no Reino Unido, país europeu com mais mortes por covid-19 e que será o primeiro a vacinar sua população, a partir da semana que vem. Os britânicos serão uma espécie de cobaia do que pode dar certo ou terá de ser melhorado na distribuição e vacinação em massa.
 
Para Stella Kyriakides, comissária para Saúde e Segurança Alimentar da União Europeia (UE), todos os países do bloco (o Reino Unido agora está fora) deveriam estar pontos a iniciar a vacinação assim que uma vacina segura e eficaz for aprovada. “A vacina não será a bala de prata, mas terá um papel central para salvar vidas e conter a pandemia. Vacinas não salvam vidas, a vacinação sim”.
 
O ataque à pandemia exige um planejamento minucioso da parte dos governos e da indústria. O volume das entregas de vacinas é enorme. Para distribuir só uma dose para 7,8 bilhões de pessoas no mundo, estima-se que será necessário 8.000 voos de cargueiro do tipo Boeing 747, estima a Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata). Para Alexandre de Juniac, presidente da Iata, ainda que metade das vacinas for transportada por terra, ainda assim será o maior desafio na história do setor.
 
O Reino Unido receberá logo 800 mil doses da vacina da Pfizer e da BioNTech, vindas da Bélgica. Virão numa caixa especial, do tamanho de uma mala, com gelo seco e rastreadores GPS. Cada caixa pode preservar até cinco mil doses na temperatura correta por dez dias.
 
Devido às dificuldades de estocagem, a vacinação será inicialmente restrita a uma rede de 50 hospitais. Enfermeiros, médicos, funcionários de alojamentos para idosos e pessoas com 80 anos de idade serão os primeiros a serem imunizados. O número de hospitais depois será aumentado para ampliar a vacinação.
 
Na Alemanha, a expectativa é que imunização comece em breve. A indústria participa com a produção de refrigeradores capazes de manter temperatura de -80º C. Para transportar a vacina, aviões de carga foram requisitados. O Exercito alemã foi mobilizado para cuidar de 60 hangares em diferentes pontos do país, que vão estocar as 70 milhões de doses do lote inicial.
 
Haverá uma estrita repartição de funções entre governo federal, que garantirá o suprimento da vacina, e os Estados, que administrarão os estoque. Em Berlim, centros de convenção serão usados para vacinar até 20 mil pessoas/dia.
 
A Espanha, também duramente atingida pela pandemia, quer vacinar metade da população até o fim do primeiro semestre de 2021.
 
A Áustria, que está em lockdown, prevê ao menos quatro meses difíceis até começar a vacinação em massa no ano que vem, segundo seu premiê, Sebastian Kurz.
 
Na França, a campanha de vacinação deverá estimular a criação de “coletivos de cidadãos”, encarregado de acompanhar a imunização. As prefeituras terão papel importante, adaptando locais e treinando pessoal, para a campanha de vacinação. Ontem, o premiê Jean Castex anunciou que a vacina contra a covid-19 será gratuita para toda a população. Para isso, o governo separou € 1,5 bilhão do orçamento de seguridade social.
 
“Preparamos a infra-estrutura há meses e dispomos de entrepostos frios e ultra frios, onde serão estocadas as vacinas”, disse Daniel Aeschbach, encarregado do transporte das vacinas no Exército suíço. A distribuição ficará a cargo dos cantões (Estados).
 
Falando ao Fórum Econômico Mundial, o CEO de Moderna, Stéphane Bancel, diz que “haverá frustração” mesmo com vacinação em grande escala globalmente, porque as doses não serão suficientes num primeiro momento. Autoridades alemãs estão alertando que a campanha de vacinação será longa, “ao menos até 2022”. (Com agências internacionais)