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Açúcar garante melhora de resultado global da Tereos

Fonte: Valor Econômico (19 de novembro de 2020)

Uma das maiores produtoras de açúcar do mundo, a cooperativa francesa Tereos encerrou o primeiro semestre da safra 2020/21 (de abril a setembro) com um resultado operacional superior ao mesmo período da safra, aproveitando a recuperação do mercado de açúcar.
 
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado alcançou 237 milhões de euros, crescimento de 141% dada uma taxa de câmbio constante, ou de 114% pelas taxas de câmbio atuais. A receita ficou relativamente estável, em 2,05 bilhões de euros, o que a uma taxa de câmbio constante representou queda de 3% e à taxa de câmbio atual, aumento de 1%.
 
O segmento com maior crescimento no desempenho operacional foi o da divisão internacional de açúcar e renováveis, que abrange as operações no Brasil, cujo Ebitda aumentou 28,9%, para 98 milhões de euros, puxado pelo aumento da moagem de cana e da produção de açúcar nas usinas brasileiras, que acabou compensando a depreciação cambial na conversão dos resultados de real para euro. Já o Ebitda da divisão de negócios de açúcar e renováveis na Europa recuou 3,9% para 98 milhões de euros.
 
A Tereos estima que a queda no consumo de açúcar na Europa em decorrência da pandemia deve ser de 3% neste ano, mas que isso não altera a relação que favorece preços sustentados da commodity, já que o continente deve ter um déficit por causa da redução do plantio de beterraba. A cooperativa disse que tem fechado contratos de longo prazo enquanto os preços no mercado físico (spot) estão em torno de 400 euros a tonelada, o que indica uma recuperação ante a safra passada. Já as vendas de etanol na Europa se recuperaram já em junho.
 
Apesar da segunda onda de casos de coronavírus na Europa, a Tereos argumentou que a queda da produção de beterraba dada a menor produtividade, particularmente na França, deve acabar ajustando a oferta à demanda.
 
Ainda assim, a Tereos estima que a redução da produtividade deve acarretar em uma perda de 40 milhões de euros em seu Ebitda nesta safra na Europa, dos quais 20 milhões de euros devem ser contabilizados no atual exercício fiscal, até março.
 
A redução média da produtividade de seus cooperados é estimada em 23%, mas com disparidades regionais. A cooperativa avalia que a redução da produtividade vai ser parcialmente compensada nessa segunda metade da safra com os estoques mais robustos carregados da primeira metade.
 
A Tereos ressaltou ainda que a permissão dada pelos parlamentares franceses para que os agricultores continuem utilizando neonicotinoides pelas próximas três safras deve beneficiá-los. “O setor está ativamente engajado, junto com as companhias de sementes e o Instituto Nacional de Pesquisa para Agricultura, Alimentos e Meio Ambiente (INRAE) no desenvolvimento de soluções alternativas dentro desse prazo”, disse a Tereos.
Para o restante da safra no Brasil, a companhia já tinha 85% das vendas de açúcar desta temporada ao exterior com preço travado antes de estourar a pandemia e, agora deve se beneficiar da recuperação esperada para o mercado de etanol.
 
Dos negócios da Tereos, o mais afetado pela pandemia foi o de amidos e adoçantes, dadas as idas e vindas da demanda, criando uma volatilidade indesejável para uma indústria que trabalha com uso elevado e regular de capacidade instalada.
 
A cooperativa encerrou o semestre com uma dívida líquida 9% menor do que um ano atrás, em 2,48 bilhões de euros. Desde o início da pandemia, a Tereos tem recorrido a reforços de caixa no mercado financeiro e já captou 800 milhões de euros em linhas de médio e longo prazo, que a permitiram antecipar pagamento de outros empréstimos, diversificando fontes de financiamento.