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Klabin vive seu melhor momento em bolsa e de resultado operacional

Fonte: Valor Econômico (18 de agosto de 2020)

Marcos Ivo, diretor financeiro e relações com investidores: Novas rotas de crescimento, monetização de fatores ambientais e P&D ainda não estão no preço da unit — Foto: Divulgação


 
Com o forte desempenho operacional do segundo trimestre, a Klabin confirmou que é capaz de crescer em ambientes turbulentos – que na indústria de celulose e papel combinam os preços baixos da matéria-prima e a demanda enfraquecida pela pandemia de covid-19 – e vive hoje seu melhor momento, tanto em resultado quanto em valorização em bolsa.
 
Com um projeto de R$ 9,1 bilhões em investimentos em curso, a companhia já traçou novas rotas de expansão até o fim da década. Mas, na avaliação do diretor financeiro e relações com investidores da empresa, Marcos Ivo, essas rotas de crescimento, novas formas de remuneração de fatores ambientais e avanços em pesquisa e desenvolvimento ainda não foram incorporadas ao preço da ação.
 

 
A unit da Klabin renovou ontem a máxima histórica, alcançada na última quinta-feira, ao avançar mais 2,1%, para R$ 25,68, em um pregão de baixa do Ibovespa. Ainda assim, pode haver espaço para mais valorização. “O potencial de crescimento não está no preço”, disse Ivo, em entrevista ao Valor, acrescentando que os investidores precificam, sim, a entrega de resultados consistentes e a combinação de resiliência e flexibilidade dos negócios, mas ainda não entenderam, de forma adequada, o potencial de crescimento e o valor que está travado hoje na companhia.
 
O planejamento estratégico prevê que, até 2030, a capacidade instalada da maior fabricante brasileira de papéis de embalagem, de embalagens de papelão ondulado e de celulose fluff chegará a 6,5 milhões de toneladas, ante 3,5 milhões de toneladas/ano atualmente. “Esse crescimento considera a base florestal atual e se dará, substancialmente, em papéis para embalagem. Mas passa por todos os mercados de atuação”, explicou.
 
Com o projeto Puma II, que já está em execução, a Klabin elevará em mais 1 milhão de tonelada a capacidade instalada nos próximos anos. Para o analista Daniel Sasson, do Itaú BBA, somente esse projeto pode adicionar algo entre R$ 3 a R$ 4 à unit, mas parte desse valor pode já estar incorporada ao preço atual. “Os investidores estão olhando mais de perto para o valor que esse projeto de expansão pode trazer”, disse. A performance operacional robusta apesar dos efeitos negativos da covid-19 e a percepção de que o preço da celulose tocou o piso contribuem para o desempenho da unit, conforme Sasson. O potencial fim do pagamento de royalties por uso da marca aos controladores, por outro lado, não tem protagonismo nesse caso.
 
Tomando como base os resultados alcançados no primeiro semestre, 2020 deve ser o 11º ano consecutivo de expansão do resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Klabin, que saiu de R$ 747 milhões em 2009 para R$ 4,3 bilhões em 2019. O grande salto veio em 2016, com a unidade Puma e a entrada mais robusta da companhia no negócio de celulose de mercado, o que também alavancou a capacidade de execução de novos projetos. “Desde 2009, o Ebitda cresce todos os anos. E 2020 não deve ser diferente”, afirmou Ivo.
 
Entre abril e junho, a Klabin registrou o maior Ebitda trimestral da história, com R$ 1,3 bilhão, alta de 39%. O modelo de negócios diversificado e a exposição de 80% de sua produção a segmentos de primeira necessidade explicam o forte desempenho. Para o terceiro trimestre, a expectativa em termos de demanda é positiva, disse o executivo, ao comentar as expedições de papelão ondulado no país. Na semana passada, a Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO) informou que as expedições de caixas, acessórios e chapas totalizaram 334,3 mil toneladas no mês passado, novo recorde mensal. “Julho foi um mês muito positivo, em linha com a ABPO. Agosto tem se mostrado bastante aquecido e setembro também está com um bom volume de pedidos”.
 
A alavancagem financeira, medida pela relação entre dívida líquida em dólar, estava em 3,6 vezes em junho, acima do nível normal por causa do investimento em Puma II, mas em linha com a política financeira. Com R$ 9,8 bilhões em caixa no fim do segundo trimestre e prazo médio da dívida de 114 meses, a Klabin terá de fazer frente a vencimentos de R$ 2,1 bilhões até o fim de 2022, período que concentrará o grosso dos desembolsos com o novo projeto de expansão. “Estamos confortáveis”, garantiu o executivo.