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Suzano tem prejuízo de R$ 2 bilhões no 2º trimestre

Fonte: Valor Investe (14 de agosto de 2020)

Getty Images


Maior produtora mundial de celulose de eucalipto, a Suzano encerrou o segundo trimestre com prejuízo de R$ 2,06 bilhões, comparável a lucro líquido de R$ 700,5 milhões um ano antes, apesar da forte evolução do desempenho operacional, que foi impulsionado pelo maior volume de vendas de celulose e pelo efeito positivo da desvalorização do real frente ao dólar nas receitas da companhia.
 
O prejuízo no intervalo é explicado justamente pelo impacto negativo da variação cambial na marcação a mercado da dívida em moeda estrangeira, que pressionou a linha financeira. A companhia encerrou o trimestre com resultado financeiro líquido negativo de R$ 5,7 bilhões.
 
O efeito da valorização de 5% do dólar frente ao real entre a abertura e o fechamento do trimestre teve impacto negativo de R$ 2,9 bilhões na linha financeira. Já o resultado das operações com derivativos ficou negativo em R$ 1,78 bilhão.
 
Do lado operacional, a receita líquida sa Suzano subiu 20% no segundo trimestre, para R$ 8 bilhões, enquanto o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado cresceu 35%, a R$ 4,18 bilhões. A margem Ebitda ficou em 52%.
 
As vendas de celulose saltaram 25% na comparação anual, para 2,78 milhões de toneladas, e foram decisivas para o aumento de 20% das vendas totais da companhia, para 3 milhões de toneladas. Em papel, houve recuo de 22% nas vendas, afetadas pela redução de consumo decorrente das medidas de combate à pandemia de covid-19, para 235 mil toneladas.
 
A Suzano deu continuidade à estratégia de redução de estoques, com mais 220 mil toneladas de baixa no segundo trimestre.
 
No intervalo, a geração de caixa operacional da Suzano teve expansão de 51%, para R$ 3,37 bilhões. Já a alavancagem financeira, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda em dólar, recuou de 4,8 vezes em março para 4,7 vezes em junho.
 
Vendas acima do esperado
O volume de vendas da empresa ao longo do segundo trimestre, nos diferentes mercados globais, ficaram acima do esperado, disse ao Valor o presidente da companhia, Walter Schalka. “A demanda na ponta para a [celulose] de fibra curta da Suzano continua bastante positiva”, afirmou.
 
De abril a junho, a Suzano comercializou 2,78 milhões de toneladas de celulose, uma alta de 25% na comparação anual, e produziu 2,54 milhões de toneladas da fibra, 14% acima do volume produzido no ano passado, com desestocagem de 220 mil toneladas.
 
Em 12 meses, as vendas de celulose totalizaram 11,1 milhões de toneladas, acima da capacidade de produção. Do lado dos estoques, 1,9 milhão de toneladas foram eliminadas. Conforme Schalka, a nova desestocagem levou os inventários da Suzano para um nível abaixo do normal e a Suzano mantém a estratégia de encerrar 2020 com volume de produção maior do que o visto em 2019 e estoques, inferiores.
 
Entre julho e dezembro, apenas duas das 12 linhas de celulose da Suzano não passarão por paradas para manutenção, o que deve reduzir a oferta da fibra no mercado. Com a pandemia de covid-19, muitos produtores postergaram essas paradas para a segunda metade do ano e a expectativa é a de que 450 mil toneladas de fibra deixem de ser produzidas, o que pode impulsionar os preços.
 
Questionado sobre a tendência para os preços da celulose, o executivo disse que é difícil prever qual será o resultado da equação que, hoje, carrega variáveis muito diferentes como redução de oferta por causa das paradas, recuo no consumo global de imprimir e escrever e reação positiva no mercado de tissue.
 
No mercado doméstico de papel, conforme o executivo, a companhia enxerga alguma reação. No segundo trimestre, a estratégia foi ampliar as exportações, e se beneficiar de margens melhores no mercado internacional, o que não é comum, frente à queda da demanda no consumo interno — um dos reflexos das medidas adotadas para conter o avanço da covid-19 no Brasil. “Estamos vendo um processo de restabelecimento da economia global e no país”, comentou.
 
A Suzano vai utilizar parte da forte geração de caixa do segundo trimestre para pré-pagar uma linha de crédito rotativo de US$ 500 milhões. De acordo com o diretor de Finanças e Relações com Investidores da companhia, Marcelo Bacci, hoje a posição de liquidez é “bastante confortável”. “Temos R$ 12,7 bilhões em caixa e esses recursos, que seguirão disponíveis por três anos, foram sacados em abril diante das incertezas com a pandemia”, explicou.
 
Quitação de crédito rotativo
A Suzano informou também que vai pré-pagar uma linha de crédito rotativo de US$ 500 milhões, sacada em abril, com prazo médio de 47 meses. Em comunicado, a companhia informou que encaminhou o aviso de liquidação antecipada, prevista para 20 de agosto.
 
“Uma vez realizada [a liquidação], tais recursos voltam a ficar integralmente disponíveis como fonte de liquidez adicional para a companhia, em caso de necessidade”, informou.