Login
Associe-se
NOTÍCIAS

Vulnerável, Zoom cresce mas desaponta usuários

Fonte: Valor Econômico (07 de abril de 2020)

Eric Yuan, CEO da Zoom: reconhecimento das falhas e promessa de criptografia só para daqui a alguns meses — Foto: Michael Short/Bloomberg


A plataforma de videoconferência Zoom Video Communications passou do uso restrito diário por cerca de 10 milhões de pessoas mundialmente, no fim do ano passado, para 200 milhões agora. Esse salto de participantes nos serviços pagos e gratuitos ocorreu depois do isolamento social para conter a disseminação do novo coronavírus. O crescimento vertiginoso, sustentado pelos trabalhadores em “home office” e aulas on-line, trouxe a reboque preocupação aos gestores da companhia. Despreparada para alcançar tal abrangência em curto período, a Zoom, com sede nos EUA, não garantiu a segurança do sistema. Invasão de privacidade e assédio passaram a ser denunciados por usuários, com muitos deles bloqueando o uso da plataforma, inclusive no Brasil.
 
A reação usuários se refletiu nos movimentos dos investidores. Na bolsa eletrônica americana Nasdaq, a ação da Zoom foi desvalorizada ontem em 4,10%, cotada a US$ 122,94.
 
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) postou em seu site que bloqueou a ferramenta nos seus computadores. Informou que foram identificadas possíveis falhas de segurança graves e que em contato com especialistas em segurança de todo o mundo recebeu alertas sobre o possível movimento de hackers, que podem ter acesso às câmeras e microfones dos computadores.
 
Além disso, usuários em outros países denunciam o acesso não autorizado a reuniões privadas e compartilhamento de imagens pornográficas e discursos de ódio.
 
Alguns usuários corporativos desistiram da plataforma, incluindo a Tesla, de Elon Musk, e a Space Exploration Technologies, disse o diretor-presidente e fundador da Zoom, Eric Yuan, ao reconhecer as falhas.
 
A Anvisa optou por continuar a usar outra plataforma corporativa que havia adotado há mais de um ano, que oferece “alto grau de disponibilidade e segurança”.
 
O Zoom foi o app mais baixado das lojas on-line do Google e da Apple, no fim de março, seja para uso empresarial, ensino a distância ou relacionamento social.
 
O impacto da vulnerabilidade do sistema levou Yuan a repensar o que deu errado e a cultura da empresa, que por quase uma década se concentrou na facilidade de uso, e não na segurança, informou a Dow Jones. Entre os recursos de privacidade que Yuan promete agora, há uma opção de criptografia de ponta a ponta para proteger as conversas, disse ele ao “The Wall Street Journal”.
 
A Zoom já havia anunciado esse recurso, mas especialistas em segurança descobriram que a tecnologia fornecia um nível menor de proteção de dados. A possibilidade de criptografia completa vai demorar meses para ficar pronto, segundo o executivo. Outros especialistas questionam a relação de Yuan com a China, onde sua empresa colocou servidores para armazenar sistemas de criptografia.
 
Em visita ao Brasil em junho de 2019, Oded Gal, que comanda o gerenciamento de produtos da Zoom, disse ao Valor que não há planos para estabelecer uma operação local em curto prazo, mas que isso é uma possibilidade. (Colaborou Gustavo Brigatto).