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Habilidades profissionais essenciais a partir de 2020

Fonte: Valor Econômico (09 de janeiro de 2020)

Com a aceleração do ritmo da transformação digital nos locais de trabalho, os próximos dez anos trarão grandes desafios para os trabalhadores, uma vez que eles serão empurrados mais rapidamente para diferentes tipos de empregos e equipes. As exigências de capacitação estão mudando tão rápido, afirmam futuristas, que mesmo quando uma empresa estabelece o que agora é necessário, em dez anos terá uma aparência muito diferente.
 
“Você terá de olhar para o mercado e se manter a par do que são as habilidades transferíveis”, diz Jason Wingard, reitor da Columbia School of Professional Studies. “Você terá que se perguntar: ‘Tenho o que é preciso para ser competitivo’?”. Com o crescimento da economia sob demanda (gig economy, na sigla em inglês), mais organizações vão se proteger contratando trabalhadores por prazos determinados. Esses terceirizados terão que se adaptar rapidamente às culturas das empresas e serem flexíveis e adaptáveis.
 
“A adaptabilidade se destaca como a habilidade mais relevante para os anos 2020”, afirma Wingard, que realiza pesquisas sobre desenvolvimento de liderança, estratégias organizacionais e o futuro do trabalho. “Os babyboomers e a geração X não são tão flexíveis”, diz. Os primeiros tiveram o mesmo emprego por longos períodos e querem que as mudanças sejam graduais, enquanto os millennials e a geração Z não ficam em um só trabalho por muito tempo.
 
 
Sue Llewellyn, um consultor de mídia social do Reino Unido, concorda que os millennials não veem a mudança como uma provação, e sim como uma oportunidade. Entretanto, nem tudo está perdido para as gerações mais velhas, uma vez que elas podem se aperfeiçoar.
 
“Você precisa de uma mentalidade de crescimento pessoal e ser empreendedor”, afirma. “Pense no que você quer da sua vida e faça uma pequena mudança. Logo você verá que fez uma grande mudança. As pessoas não percebem que a única constante na vida é a mudança e que nada permanece o mesmo.”
 
A criatividade será uma das habilidades mais requisitadas em muitos setores, da mídia ao transporte. As empresas buscarão pessoas que podem trabalhar com tecnologia e fazer o melhor uso de sua criatividade, mesmo trabalhando com um “cobot” – os robôs colaborativos que realizam tarefas junto com os humanos. A demanda pelos cobots deverá crescer rapidamente nos próximos dez anos.
 
“A criatividade é sempre muito valorizada. Destile-a em sua própria estratégia. Isso também deve tornar você útil para a sua empresa”, afirma Wingard. O grupo de mídia CNN International está “sempre em busca de pessoas que pensam a fundo, leem muito e não evitam discussões”, disse Blathnaid Healy, diretora da CNN Digital para a Europa, Oriente Médio e África. “A criatividade pode significar várias coisas, às vezes produzir ideias ou desenvolver ideias antigas. Nem sempre significa ser um gênio.”
 
As chamadas “soft skills” (habilidades interpessoais), como a colaboração e a escuta ativa – fazer um esforço consciente para se concentrar no que está sendo dito, e também na linguagem corporal do orador e outros sinais – serão cada vez mais valorizadas. As pessoas com experiência em habilidades interpessoais e que são compreensivas, estarão sendo requisitadas nos locais de trabalho em transformação.
 
O “coaching” e o “mentoring” serão uma parte central do gerenciamento eficaz de equipes em transformação. “Os patrões estão em busca de inteligência emocional elevada, a capacidade de se comunicar e colaborar”, diz Llewellyn. Os funcionários que conseguirem adaptar seus conhecimentos àquilo que a empresa precisa, também serão capazes de se mover com facilidade para dentro e para fora dos grupos, afirma Rob Cross, professor de liderança global do Babson College de Massachusetts.
 
“Geralmente são necessários de três a cinco anos para se tornar um ‘high performer’. Mas se você pode nadar com a corrente, fazer perguntas e obter legitimidade, poderá se tornar um em nove meses”, afirma. E quando os funcionários demonstram alto desempenho, seu valor para a companhia aumenta. Podemos sentir que estamos sendo bombardeados por diferentes versões de softwares e novos programas. Aqueles que conseguirem aprender a “nadar nesse oceano” é que irão prosperar, afirma Jerome Glenn, diretor executivo do Millennium Project, um centro de estudos global de futuristas, cientistas, parceiros de negócios e formuladores de políticas.
 
As pessoas terão de saber a diferença entre realidade virtual, inteligência aumentada – como implantes para energizar seu cérebro – e inteligência artificial, além de como usá-las, explica. Alguém capaz de desenvolver um aplicativo de inteligência artificial (IA), por exemplo, conseguirá fazer mais negócios globalmente. “Em 2025, como uma pessoa irá ganhar a vida sem a tecnologia? Não dá para fugir disso”, afirma Glenn.
 
Os trabalhadores terão também que melhorar a maneira como cuidam de sua marca profissional on-line, porque ela será mais importante para as pessoas se destacarem, especialmente se não se encontram mais regularmente. “Você precisará não só desenvolver-se, como também fazer com que as pessoas saibam que você possui essas habilidades”, diz Wingard.
 
Ter uma rede de pessoas influentes ajuda. Um mentor pode ajudar a construir uma marca interna com uma empresa porque as pessoas tendem a avançar em suas carreiras se os gerentes de contratação conseguem ver suas habilidades. “Você precisa de um conselho de diretores pessoal de, digamos, oito a dez pessoas – algumas graduadas e outras nem tanto – para ajudá-lo a progredir”.
 
Blathnaid Healy, da CNN, concorda que ter algumas boas conexões é melhor do que ter um grupo maior de conhecidos sem tanta influência. Para aqueles dos setores criativos, haverá mais oportunidades para transformar suas vidas em uma marca, com a chance de ganhar dinheiro das pessoas que acompanham suas experiências. “Você estará perguntando ‘como faço para ganhar a vida sendo eu e quem no mundo vai pagar por isso?”, diz Glenn. “Você não precisará que muita gente tenha interesse por você para ganhar a vida.”