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China deve aprofundar laços com Argentina com oferta por “supervia” de grãos

Fonte: Mixvale (19 de agosto de 2019)

REUTERS/Marcos Brindicci


BUENOS AIRES (Reuters) – A gigante chinesa da construção CCCC está preparando uma oferta para dragagem da porção argentina do rio Paraná, principal “supervia” de cargas do país, que leva soja e milho do cinturão agrícola dos Pampas para as rotas marítimas do Atlântico Sul e o mundo.
 
Representantes da estatal China Communications Construction Co. e de sua unidade Shanghai Dredging se reuniram com o governo argentino e autoridades portuárias locais para apresentar a ideia da concessão de dragagem, de acordo com três pessoas envolvidas nas negociações, que não haviam sido divulgadas anteriormente.
 
A CCCC está na linha de frente do esforço chinês para garantir o fornecimento de alimentos, investindo globalmente em instalações para o transporte de commodities.
 
A dragagem do rio Paraná trata-se do maior contrato logístico da Argentina. A China já é a maior compradora de soja do país sul-americano, enquanto o conglomerado estatal chinês Cofco se tornou, através de aquisições, o maior exportador de commodities agrícolas em operação na Argentina.
 
O interesse da Shanghai Dredging no rio Paraná parece ser parte do amplo esforço da China para “investir em cadeias internacionais de oferta agrícola para melhor controlar o fornecimento e precificação”, disse Margaret Myers, chefe do programa Ásia-América Latina no Diálogo Interamericano, um “think-tank” sediado em Washington.
 
Houve uma série de reuniões entre as principais empresas de dragagem do mundo e operadores portuários para a preparação de um estudo sobre o rio, em um passo preliminar para que empresas sejam convidadas a apresentar suas propostas no ano que vem, de acordo com a Câmara Argentina de Atividades Portuárias e Marítimas e a câmara da indústria de soja Acsoja.
 
O rio Paraná transporta 80% das exportações agrícolas da Argentina.
 
Marcos De Vincenzi, gerente de dragagem da Servimagnus, parceira local da CCCC, reconheceu o interesse da empresa chinesa na concessão.
 
“Acreditamos que a dragagem da hidrovia deve ser aprimorada para atender às novas necessidades de tráfego e comércio”, afirmou.
 
Com o aumento da demanda mundial por alimentos, a Argentina provavelmente expandirá o canal navegável do Paraná para acomodar o aumento de carga.
 
A atual concessão para dragagem do rio Paraná deverá ser renovada até abril de 2021– ela envolve manter um canal livre para navios de carga. Em troca, embarcações maiores pagam até 80.000 dólares em pedágio para viajar de e para o centro de grãos de Rosario.
 
A atual detentora da concessão de dragagem é a empresa privada Jan De Nul, com sede no Luxemburgo. A empresa concorrerá com a CCCC e outras operadoras pela concessão em 2021, segundo fontes do setor com conhecimento direto da situação.
 
(Reportagem de Hugh Bronstein, com reportagem adicional de Brenda Goh em Xangai)