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Ponte na Área Continental de Santos gera debate

Fonte: A Tribuna (22 de julho de 2019)

Projeto da Ecovias realizará ligação entre o Saboó e a Ilha Barnabé (Divulgação/Ecovias)


A comunidade portuária defende ampla discussão sobre a futura ligação seca entre as margens do Porto de Santos. Entidades que representam empresas do setor temem os impactos que o projeto da ponte entre o Saboó e a Ilha Barnabé, na Área Continental de Santos, pode trazer ao desenvolvimento e à expansão do complexo marítimo nos próximos anos.
 
A ponte projetada pela Ecovias, a concessionária que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes, terá cerca de 7,5 quilômetros de extensão, com início na entrada de Santos, no km 64 da Via Anchieta, e término próximo ao acesso à Ilha Barnabé, a cerca de 500 metros da praça de pedágio de Guarujá, no km 250 da Rodovia Cônego Domênico Rangoni.
 
O temor da comunidade portuária gira em torno do vão principal da ponte, que terá altura de 85 metros. Segundo a Ecovias, embarcações que transportam portêineres (equipamentos utilizados para o carregamento de navios) chegam a 73 metros de altura. Já a largura entre os pilares será de 305 metros e, segundo relatos, poderá criar restrições à bacia de evolução.
 
Mas para o secretário de Logística e Transportes de São Paulo, João Octaviano Machado Neto, não há o que temer. Ele argumenta que, durante os estudos que deram origem ao projeto viário, foram realizados diversos testes com embarcações de até 366 metros de comprimento. “A ponte foi projetada com cuidado e atenção à dinâmica, navegação e operação do Porto. Ela não gera limite no crescimento do Porto de Santos”.
 
Para o secretário estadual, o complexo santista tem outras características, como largura, profundidade e morfologia (em especial, as curvas) do canal, que impõe restrições naturais à expansão de suas atividades e à escala de meganavios. “Não estamos gerando restrições ou perda de valor, estamos agregando valor ao Porto”, informou Octaviano, destacando o total de R$ 500 milhões que será investido nas vias de acesso ao cais santista.
 
O diretor da Ecovias, Rui Klein, tem a mesma posição. Ele também aponta os testes já realizados para atestar a viabilidade do projeto. “Estamos fazendo simulações de navios de 400 metros (de comprimento) por capricho nosso, no sentido de ver um algo a mais. Mas nem está no horizonte de navegação, é só para ter essa tranquilidade. Ele (o navio) passa, mas não entraria por outras limitações de características do Porto de Santos”, destacou.

Octaviano defende, ainda, uma discussão “de forma desapaixonada e técnica” sobre o empreendimento viário. E afirma que está aberto à negociação e quer uma agenda positiva com integrantes do Porto, como a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp, a Autoridade Portuária), a Praticagem de São Paulo (que reúne os práticos locais, profissionais que orientam a navegação nas áreas abrigadas do complexo marítimo) e a Secretaria Nacional de Portos de Transporte Aquaviário (do Ministério da Infraestrutura).
 
Porém, o secretário acredita que a melhor opção para ligação entre as duas margens do Porto é a ponte. Isto porque, segundo ele, o túnel submerso, que custará R$ 5 bilhões – e não R$ 3,2 bilhões, que era o valor previsto em 2014 –, não contribuirá para a logística portuária. “Se amanhã aparecer outro projeto que ainda não foi pensado, podemos analisar”, afirmou.
 
Hoje, a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) analisa estudos e projetos encaminhados pela Ecovias para avaliação de viabilidade técnica do projeto da ponte. Os estudos também são avaliados pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) para a obtenção do licenciamento ambiental da obra.