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Brasil tem portos abarrotados de soja, mas novos negócios são limitados

Fonte: Porto e Notícias (12 de junho de 2019)

Foto: Divulgação


O mercado brasileiro de soja teve uma semana de negócios pontuais. Como explicou o consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, os portos brasileiros estão lotados e com seus line-ups cheios para as próximas semanas e novos negócios nas condições que são pedidas pelos produtores agora são mais difíceis de serem efetivados.
 
“Há interessados em vender, mas o produtor precisa de dinheiro no curto prazo. Os portos estão cheios e os compradores querem negócios para mais adiante”, diz o especialista. “Os vendedores continuam apostando em alta a frente e vem segurando o grão que resta para ser negociado”, completa.
 
Segundo ele, com os line-ups e portos como estão já se pode esperar que as exportações de soja do Brasil em junho passarão das 10 milhões de toneladas.
 
De janeiro a maio deste ano, os embarques nacionais somaram 37,8 milhões de toneladas, contra 35,5 milhões no mesmo período do ano passado. “Os embarques estão ainda mais fortes e temos menos soja para exportar. Se continuarmos nesse ritmo,  vai faltar soja mais a frente”, diz Brandalizze.
 
Na última sexta-feira (7), os indicativos nos portos brasileiros perderam um pouco mais de força diante das baixas de Chicago, as quais superaram os 10 pontos no fechamento do pregão. Assim, em Paranaguá, a soja disponível fechou com R$ 78,70 no disponível e R$ 79,50 por saca para o mês seguinte, com perdas de 1,62% e 1,23%.
 
Já em Rio Grande, alta de 0,63% no spot, para R$ 79,50, e estabilidade para julho, com R$ 80,00. Em São Francisco do Sul, referência estável também nos R$ 81,00 por saca.
 
Ao longo da semana, no entanto, nos melhores momentos, as cotações trabalharam acima dos R$ 80,00 por saca, variando entre R$ 81,50 e R$ 83,00. “As posições mais distantes vem pagando melhor”, explica Brandalizze.
 
PRÊMIOS
Diante das perdas em Chicago, os prêmios subiram no Brasil na última sexta-feira, registrando ganhos de até 4,76%, como foi o caso do junho, que fechou a semana com 110 pontos acima dos valores praticados em Chicago. Para o julho, o indicato salta para 118 pontos.
 
Após uma recente escalada e apesar das boas altas desta sexta, os prêmios no Brasil registraram uma estagnação. Ainda como explicou o representante da Brandalizze Consulting, isso se deu, também, em função dos portos cheios de soja.
 
“Não tem como embarcar mais agora, com toda essa oferta, os prêmios pararam de subir. Se não houvesse, teriam subido mais”, disse. No entanto, Brandalizze completa dizendo que, na medida que esses volumes vão diminuindo nos terminais, os valores podem voltar a registrar valorizações.
 
Assim, afirma que “os prêmios podem voltar a subir no final de julho, começo de agosto, quando os portos estarão um pouco mais aliviados, em cerca de cinco semanas”.
 
Todo esse movimento mostra que a demanda pela soja brasileira se mostra bastante aquecida e ativa. Ainda em guerra comercial com os EUA, a China, o maior comprador do mundo, segue completamente focada na América do Sul, mais especificamente na soja do Brasil.
 
Além da China, a briga comercial iniciada pelos EUA com o México também trouxe essa demanda para o mercado brasileiro.
 
BOLSA DE CHICAGO
Na Bolsa de Chicago, os futuros da soja terminaram o dia com mais de 12 pontos de baixa em um movimento de liquidação de posições e realizações de lucros que se deu durante toda a a semana.
 
Algumas análises apontam ainda que parte da pressão sobre as cotações veio também de uma janela de plantio que os produtores americanos teriam tido em algumas áreas do Corn Belt nestes últimos dias.
 
Dessa forma, para Carlos Cogo, diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio, a força de alta para os preços da oleaginosa em decorrência do cenário extremamente adverso nos EUA acaba ficando um pouco mais limitada neste momento, uma vez que a cultura ainda conta com um período um pouco mais amplo de plantio, bem como ainda enfrenta uma demanda enfraquecida no país.
 
Ao contrário do milho, onde algumas projeções já dão conta de uma perda de 40 a 50 milhões de toneladas, ainda é cedo para a soja, além de sua capacidade de recuperação ser melhor. Assim, os traders esperam por dados importantes que chegam na próxima semana.
 
Na segunda, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz uma atualização do avanço do plantio no país, além das primeiras informações sobre as condições das lavouras pelas primeira vez nesta safra.
 
Na terça-feira (4), a instituição traz seu reporte mensal de oferta e demanda e pode trazer uma redução na área, produção e produtividade da soja nos EUA, segundo as estimativas do mercado.
 
A redução esperada na colheita da soja é bem mais tímida do que a do milho. O mercado espera uma safra de 112,21 milhões de toneladas, enquanto o reporte de maio do USDA apontou 112,94 milhões de toneladas. O rendimento esperado para a oleaginosa, segundo as expectativas do mercado, é de 54,91 sacas por hectare. O departamento americano estimou, no mês passao, 55,48 scs/ha.