Segmento de baixa tecnologia caiu mais em 2018, diz Iedi

A produção de bens de baixa intensidade tecnológica perdeu fôlego e foi a principal responsável pelo ritmo lento de recuperação da indústria no ano passado. Dados do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), divulgados com exclusividade ao <strong>Valor</strong>, apontam, porém, para uma possível aceleração da indústria neste ano.
Depois de crescer 2% em 2017, a produção de bens industriais de baixa intensidade tecnológica recuou 2,3% no ano passado. O resultado foi explicado pelo desempenho ruim da produção de alimentos, bebidas e tabacos (-4,2%), têxteis, couros e calçados (-2,7%) e madeira (-0,2%), conforme dados levantados pelo Iedi a partir de pesquisa do IBGE.
“O emprego melhorou apenas marginalmente em 2018 e graças a vagas sem qualidade, informais e de piores salários. Isso limita o nível de consumo e, claro, produção de itens mesmo considerados mais básicos, como alimentos e calçados”, disse Rafael Cagnin, economista do Iedi e autor dos cálculos.
O estudo mostra que a perda de fôlego da indústria foi disseminada – das quatro faixas de intensidade tecnológica acompanhadas pelo Iedi, três registraram perda de dinamismo em 2018. A constatação está em linha com o desempenho geral da indústria, que cresceu 1,1% em 2018, abaixo dos 2,5% do ano anterior.
A indústria de alta tecnologia também registrou desaceleração relevante. Depois de crescer 3,2% em 2017, a alta foi de apenas 1,1% no ano passado – ou seja, um terço do visto anteriormente. A perda de força se deu em dois ramos de peso: equipamentos de rádio, TV e comunicação (de +22,2% em 2017 para +2,6% em 2018) e material de escritório e informática (de +17,7% para +7,3%).
Cagnin explicou que o crédito até seguiu em trajetória benigna em 2018, mas o orçamento das famílias não recebeu novamente a injeção de recursos vista em 2017, quando houve a liberação das contas inativas do FGTS. “Além disso, a troca de equipamentos antigos nos lares foi feita em 2017 e isso não se repete a cada ano”, disse o economista.
Na faixa de média-alta de intensidade tecnológica, a produção cresceu 4,8% no ano passado, desempenho ainda positivo, mas também aquém do registrado no ano anterior (+5,9%). O comportamento não foi mais robusto devido à produção de veículos, que perdeu fôlego com a redução do nível das exportações para a Argentina.
“A indústria de média-alta intensidade envolve bens de consumo duráveis e bens de investimento, por isso a perda de ritmo dela é importante, ainda que permaneça em campo positivo”, disse ele.
O único grupo a melhorar o desempenho foi a indústria de média-baixa intensidade tecnológica, que cresceu 1,5% graças aos ramos associados à atividade extrativista. A indústria de petróleo refinado e álcool, por exemplo, cresceu 1% no ano passado, mesmo após recuar 1,5% no quarto trimestre do ano.
Para o economista, a recuperação da atividade industrial pode ganhar fôlego neste ano, ainda que não divulgue um número específico para o ano. A mediana das projeções dos analistas consultados pelo Banco Central (BC) no Boletim Focus aponta para crescimento de 3% em 2019, superando a alta de 1,1% do ano passado.
“O desempenho de 2019 depende do que o governo vai conseguir de fato aprovar de sua agenda de reformas. A primeira prova de fogo é a Previdência. As propostas apresentadas nesta quarta-feira dependem do crivo do Legislativo e sabemos que existem bombas, traições de legendas”, disse Cagnin.
Ele acrescentou que a forma como vai ocorrer a propalada abertura comercial pode influenciar a recuperação da indústria. O Iedi considera a abertura importante para a integração do país, mas alerta que não pode ser feita de forma abrupta, com reduções drásticas de alíquotas de importação.
“Se a abertura for abrupta pode ser negativa em 2019, uma vez que as empresas não vão ter tempo para se adequar à realidade. O setor precisa de uma trajetória de medidas para ter tempo de se preparar”, disse ele.
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