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Maersk deixa de embarcar 220 contêineres por navio devido ao assoreamento em Santos

Fonte: Portos e Navios (31 de julho de 2017)

A Maersk Line deixa de embarcar 220 contêineres, o equivalente a sete mil toneladas, por navio que precisa operar com calado acima do limite atual de Santos. A empresa já teve que reduzir a carga de cinco navios para poder trafegar pelo porto santista. O motivo é o assoreamento que, desde o final de junho, reduziu a profundidade do canal de acesso ao porto, que era de de 13,20 metros, chegou a 12,30 metros e agora é de 12,60 metros. O primeiro navio da companhia que enfrentou esse problema não pode ser totalmente carregado. Desde então, o armador tem ajustado a aceitação de carga, tendo que se comprometer com menos carga do que estava programado.
Há clientes que já estavam com exportação prevista e estão tendo que esperar uma ou duas semanas para conseguir embarcar. Como a Maersk e demais armadores com navios de porte parecido enfrentam esse problema, os terminais de Santos estão abarrotados de carga. Tradicionalmente essa é a época do ano em que os navios de exportação estão mais cheios. Para a Maersk, a solução a ser feita no curto prazo é a dragagem emergencial para que o porto volte a ter as condições que tinha anteriormente.
A empresa aponta necessidade de o porto ter estrutura eficiente e tomar decisões de maneira rápida e segura, sempre pensando como destravar esses gargalos. O diretor de trade e marketing da Maersk Line para costa leste da América do Sul, João Momesso, explicou que os navios já foram pensados com restrição dos portos dessa região, que abrange Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Ele relatou que um navio veio da Ásia com volume de carga configurado para o calado anterior de Santos e não teria como entrar no porto devido à redução do calado avisada com o navio já em curso.
A empresa precisou fazer uma escala extra no Porto de Itaguaí para descarregar alguns contêineres e aliviar o peso. Com isso o navio ficou mais leve e conseguiria entrar no Porto de Santos. “O problema é que, como foi escala emergencial, não é possível escolher quais os contêineres vão ser descarregados. Isso acabou causando transtorno muito grande nos importadores. A carga teve que ser conectada em outro navio”, contou Momesso.
Alguns usuários que gostariam de exportar não encontram espaço na medida em que os concorrentes também enfrentam esse problema. Já os armadores, ao perder receita, restringem a aceitação de carga e repassam de certa forma o custo no frete. E o consumidor final acaba pagando porque o custo é absorvido pela cadeia. Para a Maersk, é preciso tomar cuidado para não prejudicar a recuperação gradativa das exportações brasileiras. A empresa ressalta que os armadores fazem planejamento de longo prazo. “Cada vez que acontece problema como esse em Santos, temos que repensar qual nosso cenário de risco e estresse”, afirma Momesso.
O canal de acesso ao Porto de Santos, antes do problema, estava com 13,2 metros, podendo atingir 14,2 metros com a maré. Momesso ecplica que a geração de navios hoje trazidos para o Brasil essa profundidade é boa para trabalhar. A questão é como garantir que 13,2 metros seja um calado sustentável que não tenha que ser revisto toda hora. Ele diz que, nesse momento, não está na pauta trazer navios maiores para o país, até pela questão da economia brasileira. “Num cenário hipotético, com economia voltando a crescer em níveis maiores existe discussão se navios maiores serão trazidos para costa brasileira. E 13,2m certamente inibe qualquer plano de aumento de tamanho”, afirma.